Talvez por ser demasiado informada, ou talvez por ser demaisado dada à especificidade humana ... talvez por isto, ou por quaisquer outras razões, não tendo a colocar os médicos como a classe exageradamente considerada que tem sido na nossa sociedade.
O seguinte episódio fez-me pensar nisto ...
Doem-me os dentes. Ando sem comer sólidos desde o início do fim de semana (hoje é segunda, meu Deus, que fome!). Siga a marcar consulta urgente no dentista. Como sou psicóloga há uns tempos cada vez mais largos, sei que a relação entre o médico e o doente não se cinge à mera simpatia. Aliás, enquanto doentes, temos direitos e deveres que muitas vezes ignoramos. Então vá de ser simpática e perguntar se o médico é compreensivo, calmo, essas coisas que nos inspiram confiança quando vamos ficar deitados de boca aberta enquanto nos metem utensílios de tortura na boca.
- Não!
Não?? Mas como não? Mas afinal? Sei que os médicos não têm a mesma concepção da relação que um psicólogo. Sei, e aceito, claro, óbvio e necessário. Mas o juramento de Hipócrates é bem claro. Não é a paciência do médico que vem em primeiro lugar. É o doente. Sempre.
Claro que posso ser eu a ter uma visão utópica de como devem ser praticados os Actos Médicos. Claro que posso. E tenho, para ser franca. Porque ser médico não é a mesma coisa que ser arquitecto, engenheiro ou canalizador.
Agora até podia dissertar que mais que uma média académica absurda e pouco indicadora do valor humano, era necessário mudar qualquer coisa que se veja nos cursos de Medicina. Poder podia ... mas vou esperar pela minha consulta de amanhã ...
EDIT: não tive consulta, mas decidi que hei-de escrever sobre o negócio dos seguros de saúde em Portugal. Ai se vou!