quinta-feira, abril 24, 2008
Escrito por Green Tea em quinta-feira, abril 24, 2008

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Sinto necessidade de um disclaimer. O que aqui relato sei que é lido por várias pessoas que, eventualmente, conhecem os protagonistas de alguns episódios. Foi o caso do último post. Por um lado, há aquela ideia de ter metido a pata na poça, por outro, a outra ideia, bastante mais forte e consistente, de que sempre escrevi, aqui e noutros lados, consoante senti vontade e necessidade. Apesar do que possa acarretar, será sempre esta última ideia a prevalecer, em abono da minha clareza, sanidade e liberdade. E em jeito de reply, no dia em que passarmos a ser apenas números e objectivos e estatísticas, deixaremos de poder apreciar o sorriso daqueles que tornam os nossos dias sempre um pouco mais leves. Got it? I know you did.

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Da Esmeralda. Existe um trecho n'O Corvo, filme que vi inúmeras vezes, que me marcou desde a primeira vez. Ora, numa tradução puramente livre, diz "Mãe é a palavra Deus na boca das crianças". E mãe não é aquela que nos pariu, tal como pai não é aquele que contribuiu para a fecundação. Mãe e pai são aqueles que nos viram dar o primeiro passo e sorriram, que nos deram a primeira barbie ou o primeiro triciclo, que sabem o nosso historial, os nossos medos e fobias, qual o nosso prato preferido, como se chamavam os nossos professores, os nossos amigos da primária, etc. e tal. Pais são estes. Os que faltaram ao trabalho quando tivemos febre. Esses. Não necessariamente os outros.

É por isto que o caso que está a ser feito sobre a passagem da menina para o pai, o biológico, porque os outros são "apenas" pais afectivos, me faz muita confusão. Tem havido muita conversa, muito debate, muita avaliação médica e psiquiátrica, alguma psicológica, algumas ideias em termos de psicologia do desenvolvimento. E o supremo interesse da criança a ser medido, avaliado e escrutinado quando devia ser mais do que claro onde reside o bem-estar.
Mãe é a palavra Deus na boca das crianças. Mas a mãe pode passar a ser outra, o pai pode passar a ser outra, e portanto, não vale a pena... Quem é que explicou a esta criança que o pai e a mãe, a quem ela deu o nome e os chamou seus, agora são o senhor e a senhora Fulano de Tal? E que agora um outro pai é que é o pai?
90 dias ... 3 meses ... até se mudar, novamente, a equipa de peritos, se esta, à luz do que a teoria e a investigação tem demonstrado, se mostrar claramente desfavorável a uma decisão que pode ter tudo de legal, mas que falha em termos afectivos e de bom senso?

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Ei-lo! Finalmente!!!



É só(!) a nova música do
Manel Cruz. Se o nome nada disser, é só(!) a voz por detrás dos Ornatos Violeta, Pluto e Supernada, além das colaborações com Manuel Paulo, Clã, Da Weasel e Superego. Além disso, é também um moço dotado para o desenho, tendo várias ilustrações reconhecidas. Está para sair o primeiro projecto a solo, de seu nome Foge Foge Bandido, que parece mesmo que anda a fugir, tendo em conta o tempo de espera.

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segunda-feira, abril 21, 2008
Escrito por Green Tea em segunda-feira, abril 21, 2008

Eu até sou uma pessoa compreensiva. Isto apesar do meu mais que reconhecido mau feitio.
Mas se há coisa que me transcende é a irresponsabilidade. Como o faltar ao trabalho deliberadamente para ir ver o wrestling. Nada contra o wrestling, tudo contra o deixar colegas pendurados... E depois uma cara de pau tremenda no dia seguinte como se nada se tivesse passado. Comigo não. Ponto, final, parágrafo!
É isso e o excelente artigo da Fernanda "namorada" Câncio "do Sócrates" sobre a ida do "Sr. Silva" à Madeira. É que uns mais visíveis, outros nem tanto, mas todos temos certas responsabilidades e a democracia não pode, nem deve, justificar tudo.

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terça-feira, abril 08, 2008
Escrito por Green Tea em terça-feira, abril 08, 2008

Agora já tudo parece ter amainado relativamente ao caso no Carolina Michaëlis (a propósito, alguém sabe quem foi?). Para mim a questão não é tão pertinente por se dever a um jogo estúpido e desnecessário de poder, mas sim pelas implicações práticas que tem naqueles que serão o futuro deste país.
Estar a dar aulas ao primeiro ano da faculdade é extraordinário. Faz-me recordar o gosto que tenho pela transmissão de saber e de espírito crítico, de uma forma o menos maçuda e aborrecida possível, mas sempre nos limites do que é e do que não é. Por mais que gostemos de divagar, as bases do conhecimento não são nem podem ser alteradas. Ocorre que o primeiro ano da faculdade é, em certa medida, especial. São sobretudo gaiatos e gaiatas que acham que vão mudar o mundo sem ter de saber nada. Acabadinhos de sair do secundário, estão habituados a um modelo de interacção com os professores que, em boa verdade, me arrepia.

Na semana passada o grupo que teria de apresentar a aula resolveu, após umas boas semanas de aviso, chegar em cima da hora. O que é, claramente, inexperiência face "aquelas coisas que mesmo que sejam improváveis, vão acontecer apenas para demonstrar a lei de Murphy". Depois de umas tantas complicações, peripécias e amuos, lá lhes expliquei que não havendo projector, e tendo em conta que a turma é pequena o suficiente, mas sobretudo que não pretendo avaliar powerpoints (mas sim o conteúdo e a forma pessoal de como apresentam), o melhor mesmo seria apresentarem com o portátil virado para a turma. E lá nos sentámos em meia lua a ouvir e a ver... Um chorrilho de disparates que nem quem estava a apresentar estava muito certo do que queriam dizer. Mas mesmo não sabendo, decidiu pôr na apresentação. E quando questionados sobre o que queria dizer uma frase que tinham acabado de ler (sim!, ler, que esta gente ainda vai de folhas quadriculadas para a apresentação!), a resposta que obtive foi "A stôra está a envergonhar-nos". Bom, apeteceu-me responder que não, que para isso eles já estavam a fazer um excelente trabalho. Mas optei por explicar, pela enésima vez, que preferia um trabalho pensado a uma colagem de artigos...
De seguida fui ver a apresentação da outra turma prática, leccionada pela minha colega e regente da cadeira. Ora o grupo, sem projector, recusou-se a apresentar trabalho. Pior que isso, ainda refilou e amuou quando achámos que não era desculpa (blá, blá, esta dependência da tecnologia ainda atrofia as mentes destes pseudo-alunos). Mas não foi isso que me chocou. Efectivamente, nesta turma, ninguém se calou durante uma boa meia-hora. As raparigas que estavam sentadas atrás de mim, e que desconheciam quem eu era, falaram meia-hora sobre um vestido cor-de-rosa às riscas, eu ouvi!!!
Foi quando me passei. Ora estes monstrinhos não percebem que não são obrigados a estar nas aulas, e que estão lá porque decidiram que queria seguir este curso? E que para isso, têm de trabalhar? Em vez de colocarem já os cenários de quando estiverem a trabalhar com os pacientes? Mas terão a mínima noção do que os espera??? E quando vi um telemóvel sorrateiro, vociferei que aquilo não era o secundário onde se reproibiam os telemóveis. Ali, não havia telemóveis. Ponto final, não aberto a discussão.
Enfim, amanhã é dia de aulas outra vez. Saio da capital pelas 7h, saio de Évora às 12h45. E depois siga para o trabalho. Assim muito para o cansada. E a pensar que aqueles terroristas não sabem a sorte que têm.

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