terça-feira, novembro 21, 2006
Escrito por Green Tea em terça-feira, novembro 21, 2006

Ainda me lembro do primeiro jogo de futebol que fui assistir. Fui ao Jamor ver o Marítimo perder com o Benfica. Nada sabia ou queria saber de futebol e basicamente lembro-me de ter perdido um cachecol que já adivinhava a minha tendência clubística: era verde.
Mais ou menos por essa idade deram-me o único merchandising de um clube que alguma vez iria (irei) ter: um chapéu horroroso do Chaves. Até hoje continuo a ter apenas um cachecol da selecção das quinas ...
Ora desde pequena que sigo com alguma atenção as notícias "da bola". E do Benfica, que na família parece que há adeptos. Lembro-me no dia em que a casa dos meus avós foi assaltada: o maior desastre tinha sido o Benfica ter perdido. Continuo sem compreender.
Compreendo sim que o adepto benfiquista é especial. É verdade! É o povo no seu melhor. São os taxistas, os homens de farfalhudo bigode, os que apostam no Totoloto e no Totobola, os que tiram a cera dos ouvidos com uma unha enorme, mantida com toda a dedicação. E os que gritam GOLO com toda a fúria. Não aprecio particularmente o Benfica. Aliás, mesmo nada, deixemo-nos de paninhos quentes. Estar no Estádio da Luz é, para mim, um suplício. Que espero não repetir.

Mas o benfiquista é um elemento típico a cuidar. Como o Zé Povinho. Nesse aspecto, concedo-lhe o respeito que merece. Poucos adeptos são assim. E merecem mais ... muito mais do que a instituição Benfica lhes tem vindo a dar.
O Benfica é grande pelos adeptos. Não pelos emproados que o tentam governar. Que se baralham de forma enervante. Que deixam um rasto de arrogância incomparável. Pior: que provavelmente se estão nas tintas para os adeptos.
De Damásio ao "Orelhas" passando pelo Vale e Azevedo e pelo Vilarinho, o Benfica tem sido muito mal servido.

O caso José Veiga é a cereja no topo de um bolo já meio deglutido e regurgitado. Que há corrupção no futebol já todos sabíamos. Mas que adquiria a forma de incoerência cobarde que este caso tem vindo a demonstrar ... seremos todos ingénuos? Gostava de adivinhar a cara de espanto dos benfiquistas à hora de jantar, a verem os móveis e quadros a serem tirados da casa de José Veiga em Cascais. Ou talvez não gostasse. Porque há adeptos para quem o clube vem primeiro, e é preciso pensar em pagar as mensalidades (ou lá como se pagam) antes de pôr seja o que fôr na mesa. Esses talvez aprendam com o Zé Povinho, façam um manguito àqueles senhores, e amem o Benfica para além da instituição que é.

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terça-feira, novembro 07, 2006
Escrito por Green Tea em terça-feira, novembro 07, 2006

É notícia que Saddam Hussein, o monstro iraquiano, foi condenado à morte na forca. Sim, um grande criminoso com uma grande pena, etc. e tal, não fosse isto uma enorme hipocrisia que me arrepia até enojar.
Saddam não teve um julgamento, teve uma farsa pseudo-americanizada a fazer de julgamento. Não houve a mínima imparcialidade, e duvido que o cowboy do Texas mais conhecido dos EUA não soubesse há meses qual seria o veredicto e a respectiva pena. Que o vilão mais vezes retratados em filmes que elogiam a superpotência americana merecia a condenação, não levanta dúvidas. Mas que esta acontecesse de forma tal a que a suspeição de corrupção não tivesse onde medrar. Não acredito neste veredicto.
Só me frustra a petulância e arrogância com que um país se veste de protector do mundo e da liberdade, mascarando a sua avidez e egoísmo numa capa de liberdade e esperança. É de uma hipocrisia a toda a prova.
Aliás, a própria pena de morte destinada a Saddam acaba por ter a indelével dos EUA. É um contra-senso monumental armar um escudo de defesa à vida e utilizá-lo apenas para quem convem. Manifestamente contra a pena de morte, acho que é uma vergonha todo este espectáculo montado à volta de Saddam. Voltarei a este assunto, após o mês concedido à defesa para apresentar recurso.

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