sábado, agosto 01, 2009
Escrito por Green Tea em sábado, agosto 01, 2009

o desemprego como um falhanço pessoal...

É mentira que os desempregados o são, ou o estão, em determinada altura da vida por incompetência própria. A sensação de que se falhou na vida quando se está desempregado é uma imposição do modelo de produção capitalista que necessita de desempregados como de pão para a boca, e necessita para poder fazer chantagem sobre os que estão empregados.
O papel político dos governos ocidentais tem sido, por isso, manter a taxa de desemprego numa percentagem que permita essa chantagem e que, simultaneamente, evite a revolta social. Portugal, evidentemente, não é excepção e tanto o Partido Socialista como o Partido Social Democrata têm sido fundamentais neste papel.
Este facto, associado à sacralização das palavras "trabalho" e "sofrimento", inseridas na nossa herança judaico-cristã, fazem com que o emprego seja considerado uma dádiva dos empregadores. Não o é. Quem emprega uma pessoa, emprega-a porque precisa dela para trabalhar e retirar daí mais-valia (em Marx, a diferença entre o que se produz e o que se ganha). É portanto estranho que se possa considerar um favor quando alguém emprega alguém... e mais estranho ainda é alguém convencer alguém de que a empregabilidade serve antes de mais para dar dinheiro a quem trabalha...

Publicada pelo bagaço amarelo, que tem um blog comicíssimo mas não só, sobre o bicho-mulher, e que também tem um outro blog que apenas hoje descobri e de onde retirei descaradamente este texto. Do qual gostei, e muito, e julgo ser dos primeiros plágios descarados que aqui ponho. É um texto cru, canhoto, e sem papas na língua. Não é superficial, pois ultrapassa os limites do politicamente correcto. Em termos abstractos, todos os partidos e ideologias almejam o mesmo, a questão é a forma de obter o sucesso na e da sociedade. Poucos são que apontam o dedo aos seus próprios erros e às manobras colaterais e mais obscuras que por vezes (muitas vezes) minam o desempenho político do e no país.
O Bloco de Esquerda há muito que me tem vindo a desiludir, por cada vez mais se parecer com um partidozeco como os outros. Por não ter dois dedos de testa quando critica por criticar em vez de conseguir fazer também oposição construtiva. Mas neste texto, que não representa o bloco, mas é um seu espelho (e atenção que consigo diferenciar muito bem as duas coisas), há a coragem de admitir que muito do negro desta crise (da qual Sócrates tem apenas uma parte mínima da culpa, exacerbada pela oposição como cães a migalhas) continuará quando ela passar como parte intrínseca do funcionamento político actual. As referências ao PS e ao PSD aqui apenas me fazem sentido como referências aos partidos que nos têm governado (apesar de não poder afirmá-la como intenção do autor, óbvio) e, honestamente, não tenho sentido quaisquer diferenças entre uns e outros.

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