segunda-feira, dezembro 21, 2009
Escrito por Green Tea em segunda-feira, dezembro 21, 2009

Sim, aceito.

Ouvi ontem na televisão sobre uma petição para um referendo a efectuar durante o Benfica - Porto relativamente ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Que a discussão ainda não tinha sido feita, que era um assunto demasiado importante.
Concordo inteiramente. É um assunto demasiado importante para quem se vê afectado por uma lei retrógrada e vê a sua orientação ser escrutinada por uma maioria discriminatória.
A orientação sexual não é uma opção nem é uma doença. Enquanto esta simples frase não for apreendida na sua totalidade por uma quantidade de imbecis, por melhor que sejam as suas intenções, não seremos verdadeiramente uma sociedade democrática. Perante o Estado, sou uma pessoa. Sou mulher, ruiva, baixa, heterossexual. Nenhum destes elementos deve ser mais ou menos importante que os outros. Sou uma pessoa. Todos estes senhores e senhoras que querem casar, perante a lei não têm nem mais nem menos direitos. Pena é que demoremos tanto tempo a reconhecê-lo.
Não precisamos de nenhum referendo para conceder a cidadãos (e cidadãs) pleno direito à celebração de um contrato, que é exactamente o que é o casamento civil. Não houve discussão suficiente? Houve foi discussão a mais, a porem as igrejas ao barulho, a sociedade portuguesa que mal sabe pensar e ainda pensa que são coisas do demónio, cuja mesquinhez de nova-riquice e pseudo-ocidentalidade ainda lhes tolda a visão.
Não me refiro a casamentos religiosos, pois sobre esses haveria ainda muito a discutir. Agora quanto ao casamento civil, parece-me que o caso já devia estar encerrado. Ponto. Final.

Perguntam-me sobre a adopção de crianças. Penso que as crianças são terríveis, inconscientes da maldade que a sua reduzida disponibilidade para aceitar a diferença. "Olha o meu pai Um e o meu pai Dois" seria mais dificil de compreender enquanto as nossas crianças não estiverem sensibilizadas para a realidade que é a existência de orientações sexuais diferentes. Repito que a orientação sexual não é uma doença nem uma opção. Nem o DSM (a bíblia das psicopatologias que rege demasiada intervenção psicológica e psiquiátrica) aceita isso, já há muito tempo. Apenas é... diferente.
A esta questão da adopção, sobre a qual tenho mais receio da intolerância de qua a criança seria alvo do que propriamente dos potenciais educativos de dois pais e duas mães, apenas me pergunto uma outra: será estabilidade emocional e integração social uma família heterossexual em que as mulheres são continuadamente vítimas de violência física e/ ou psicológica? Quer-me parecer que a adopção por parte de casais do mesmo sexo está para os nossos dias como as famílias monoparentais (agora delicadamente designadas de biparentais) estão os tempos dos nossos pais e avós.
A ver vamos, como sempre.

Etiquetas: , ,