Poucos diálogos/ monólogos me frustram tanto como os que se resumem a um "Olá, tudo bem?", e seguir em frente.
Não é a parte do "olá" que me arrepia, mas sim aquela acutilância do "tudo bem?". Sinceramente, quantas pessoas nos perguntam isto, mas efectivamente não querem saber? Quantas vezes perguntamos "tudo bem?" e esperamos o consensual "sim, e contigo?" ou "sim, vai-se andando" ou demais variantes. Qualquer coisa que saia fora deste consenso tácito e quase protocolar, faz ruir todas as nossas regras de etiqueta hipócrita.
E se não estiver "tudo bem"? E se estivermos num daqueles dias em que, honestamente, não nos recomendamos minimamente e apenas esperamos o momento de fecharmos a luz, adormecermos e deixarmos tudo ir embora? Quanto muito um "vai-se andando" seguido de um "isso é que é preciso" e tudo regressa à normalidade.
Nestes últimos dias, quando me cumprimentam "Olá Ana, tudo bem?", só me apetece ... nem sei, de verdade, o que me apetece. Talvez porque se responder "Sim, tudo bem, obrigada, e contigo?" vou estar a mentir da forma mais descarada e não consigo dar a mim mesma uma razão suficientemente boa para tal.
Ficamo-nos pelo "Olá" nos próximos dias, sim?
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