quinta-feira, novembro 15, 2007
Escrito por Green Tea em quinta-feira, novembro 15, 2007

Não gosto de dinheiro. Claro que gosto daquilo que o dinheiro permite usufruir, mas não gosto do conceito do dinheiro em si. Sempre fui utopicamente acérrima defensora do sistema de troca directa. Utópica, claro, como em muita coisa na minha vida.

(pequeno parêntesis sobre a subjectividade deste sistema: como é que meia dúzia de ovos pode valer cerca de uma perna de meio litro de leite? Bem, a troca directa apenas remove o passo de valorar o dinheiro em si: porque é que um litro de leite custa 50 cêntimos e não 20 euros, por enquanto? Tudo se resumiria à lei da oferta e da procura ... utopicamente, repito)

Ora estava eu a dizer que não gosto de dinheiro, e é verdade. Em termos efectivos, está estudado e constatado que falar sobre dinheiro é mais tabu do que falar sobre sexo (?!) e eventualmente, refiro-me não a conversas de ter ou haver, mas de gestão mais ou menos eficaz de orçamentos.
Adiante, dinheiro está intimamente ligado a essa fantástica instituição que é O Banco. Intimamente ligado não foi mera escolha de palavras. Intimamente e imoralmente ligado.
Tendo em conta que regra geral sou uma pessoa assertiva e dotada de alguma argúcia, pediram-me para ir hoje a um banco para acompanhar uma pessoa que tinha algumas dúvidas relativamente ao sistema de pagamento do cartão de crédito. Ora o cartão de crédito é um paradoxo. Precisa do cartão de crédito quem tem menos dinheiro, e não o contrário, e não obstante, é nos cartões de crédito que os bancos conseguem esmifrar uns juros bestiais. A sério! Ora então, lá estava eu no balcão do dito banco, a tentar entender os extractos quando pergunto porque é que o excesso de plafond de um mês aparece duplicado. Ah e tal, "é porque é assim". É preciso ser muito ingénuo. "É assim"? Mas é assim, como? Nada no contrato diz que o banco tem um juro de 100%. Mas é assim, sim senhor, vou exemplificar. Pensemos num excesso de plafond de 100 euros. Imaginemos que esse montante não é pago. No mês seguinte, o simpático programa do banco, computa que o excesso de plafond é de 200 euros, mais juros. E se dos 100 euros iniciais se amortizassem, vá, 50 euros? Bom, então ficavam 50 desse mês, mais 50 do mês seguinte. O dobro. Cem por cento. E onde está isso escrito no contrato? Não, é que nem nas letras pequeninas.
Perguntei à possivelmente atenciosa senhora como lidariam com tamanho acto de omissão. "Ah, mas não é suposto as pessoas ultrapassarem o plafond". Justo e correcto, correcto e afirmativo. Mas então não era mais simples o cartão ficar impossibilitado de efectuar transacções? Alguma coisa de positiva a situação tem de ter para o banco. Mais, deveria vir explicitado em qualquer das maneiras. Num contrato, é regra vir explicitada a penalização derivada do incumprimento de um dos contratantes... mas não.

Este episódio toma, para mim, proporções que roçam a revolta. Claro que podem dizer trinta e um bons motivos para ver "o outro lado". Eu vou continuar a preferir a troca directa. Sem crédito, nem fiado. Directa.
O que me dão por dois quilos de cerejas? Pensantes, já agora ...
EDIT do dia seguinte: Aaaaaah! Afinal, afinal "enganaram-se". Afinal não "é assim. Afinal, afinal ... ao menos isso. Herrar é umano ... Resumindo, fizeram mal as contas, o programa estava certo, a interpretação estava errada ... ainda bem para quem ia ficando prejudicado.

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