sábado, novembro 03, 2007
Escrito por Green Tea em sábado, novembro 03, 2007

aqui tinha referido o meu descrédito relativamente às novas práticas parentais. Estas novas, ou não tão novas assim, de fazer crescer e amadurecer o suposto futuro do nosso país. Eu já devia ter aprendido ou pelo menos já devia ter tentado habituar-me à ideia de que os procedimentos de antigamente (sim, aqui o antigamente refere-se mesmo à minha geração) diferem e muito dos actuais. Mas há coisas que me tiram do sério...
Irrita-me que quando uma pessoa de idade resmunga por não conseguir passar depressa entre dois skates, os putos resmunguem ainda mais e chamem nomes à senhora. Irrita-me que alguém não tenha ensinado a estas crianças o valor do respeito. É possível que seja cultural, que nós, ocidentais quase americanizados, não entendamos os proveitos que vêm da idade. Ainda que a idade possa corresponder ao decréscimo da produtividade efectiva, corresponde também ao acréscimo da sabedoria e da experiência. Mas é impossível que tal culturalidade absurda sirva de desculpa ou justificação. Se os procedimentos, os rituais e as maneiras se alteram, os valores, esses não se podem alterar. Valores, sim. Sei que os meus pais tinham regras muito mais rígidas, e que as puderam flexibilizar por forma a que eu tivesse os mesmos valores abstractos, concretizados de formas diferentes. Não se namora à janela, mas não se põe os pais fora de casa para se poder namorar à vontade (sim, isto acontece!!!).
Mas ainda mais me irrita o seguimento daquilo que já tinha escrito aqui. Que os miúdos se tornem tiranos dos graúdos. Que, sem conhecimento ou compreensão de determinadas realidades da vida, exijam seja o que fôr "só porque sim, porque eu quero". Eu vi isto na semana passada ("ah, eu quero este [...] porque é o melhor e levas porque eu quero"), e juro que me iam saltando os olhos das órbitas, passando o devido exagero. Não pela arrogância do miúdo (a quem certamente devem ter faltado uns quantos olhares bruscos que o meu pai sabia tão bem fazer), mas pelo terror submisso da mãe.

Como vai ser quando estes terroristas forem pais? Não sei, e infelizmente deve ser na altura em que já sou eu quem tem dificuldade em passar entre skates.

(isto quase me faz ter pavor de pensar em ser mãe ... ou terror ou ter a noção de que os meus filhos vão ser quase ostracizados porque faço questão de não formar terroristas [e daí, duvido que alguém faça questão de os formar ... mas isso é outra história!])

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